quinta-feira, 15 de março de 2018

Boneca com órteses auxilia no tratamento de crianças deficientes em Teresina

Sessões de terapia psicopedagógicas de crianças deficientes contam com a presença da Lili, uma boneca que passa pelo tratamento junto com crianças de 1

a 4 anos.
Por Andrê Nascimento, G1 PI
Boneca Lili tem órteses nos braços e pernas e participa da terapia junto com as crianças. (Foto: Andrê Nascimento)
Uma paciente bastante especial tem chamado atenção durante as sessões de terapia psicopedagógica do Centro Integrado de Reabilitação (Ceir) em
Teresina.
É a pequena Lili, uma bonequinha de cabelos castanhos e vestido florido que tem um importante detalhe: ela possui órteses nas pernas e nas mãos iguaizinhas

às usadas pelas crianças com deficiências psicomotoras.

A boneca Lili participa das sessões de terapia psicopedagógicas junto com crianças de 1 a 4 anos de idade que têm paralisia cerebral ou outras deficiências.

A boneca realiza as mesmas atividades que os pequenos, e tem sido usada pelas psicólogas e pedagogas do centro como uma ferramenta para estimular as crianças

no tratamento e ajuda-las a aceitarem melhor as órteses.

A pequena Larissa, de dois anos e cinco meses, com a boneca Lili. (Foto: Andrê Nascimento)
Já no primeiro encontro a boneca conquistou a pequena Larissa, de dois anos e cinco meses. De acordo com a mãe de Larissa, a comerciante Francisca das

Chagas, a menina não gosta de nenhuma de suas próprias bonecas. "Ela tem medo de bonecas. As dela ficam todas guardadas. Já com a Lili ela viu e gostou.

Eu creio que é por causa das órteses, que ela também tem", disse Francisca. "É muito bom você ter uma boneca como ela para ajudar no tratamento. Ela se

identificou com a Lili".
A boneca Lili chegou ao Ceir através da comerciante Shirley Oliveira, mãe do Lucas, de três anos. "Ela nasceu de uma dificuldade que todas nós, mães, enfrentamos:

as crianças não aceitam as órteses, que tira completamente o conforto deles", relatou Shirley. A Lili foi um presente da pequena Clara, de sete anos, irmã

do Lucas. "Ela já tem essa consciência, via a dificuldade do irmão em aceitar a órtese", conta a mãe.

Boneca Lili tem órtese igual à de Lucas, de 3 anos. (Foto: Andrê Nascimento)
No Ceir, a Lili passou pelo mesmo processo que as crianças e ganhou duas órteses feitas sob medida: uma para a mão e outra para a perna, ficando parecida

com a maioria das crianças que passam pelo tratamento. E assim começou a frequentar as terapias em grupos de seis a oito crianças.

De acordo com Shirley, a ideia fez grande diferença para seu filho Lucas. "Quando ele chegava na escola, ele tirava as órteses e jogava no lixo", conta.

Hoje, o Lucas tem uma foto da Lili no seu quarto. "Toda vez que ele queria tirar a órtese eu mostrava a foto e dizia: 'Olha, a Lili também usa, você pode

usar também. E ela não tira, ela é bem comportada', e daí ele não tirava mais", relata Shirley com um sorriso no rosto.

Boneca Lili foi criada pela equipe de psicólogas e psicopedagogas do Ceir. (Foto: Andrê Nascimento)

"A Lili é o modelo deles. É a amiguinha que participa de todo o processo, e ela faz parte de todas as atividades", explicou a psicóloga Marta Soares, que

faz parte da equipe psicopedagógica do Ceir. "Ela é uma integrante do grupo. Muitas crianças têm medo de fazer as atividades, mas quando a Lili vai primeiro,

e a Lili não chora, elas se sentem encorajadas a participar", disse Marta.

O trabalho visa estimular o desenvolvimento cognitivo das crianças para que possam ser inseridas na sociedade, e principalmente na escola. Segundo explicou

a pedagoga Jucineide Cavalcante, o tratamento busca reduzir as dificuldades e barreiras que possam surgir por conta da deficiência das crianças, como o

bullying. "É uma terapia diferente, por que a criança está interagindo com os diferentes lá fora e aqui com os iguais. A gente vê uma evolução excelente",

comentou Jucineide.

Além do grupo de crianças de 1 a 4 anos, a Lili também auxilia nos tratamentos de outras crianças do Ceir, de acordo com a necessidade. A boneca se tornou

uma ferramenta de inclusão e representatividade para os pacientes do centro de todas as idades, e a equipe pensa até mesmo em expandir a ideia. Segundo

a psicóloga Marta Soares, há um projeto, ainda em avaliação de se criar um boneco de um menino com um aparelho auditivo, para trabalhar outras demandas.


A boneca Lili (Foto: Andrê Nascimento)

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