quarta-feira, 5 de abril de 2017

Deficiente visual, fotógrafo faz o mundo olhar para o paradesporto

Ao ver um fotógrafo deficiente visual nos Jogos Parapan-Americanos de Jovens 2017, em São Paulo, na semana retrasada, a primeira reação foi de surpresa. Não houve uma pessoa que não se impressionasse com a cena. “Mas como?”, perguntavam-se os jornalistas, incrédulos. A segunda reação, após as primeiras palavras com o profissional, foi a de querer mudar o sentido daquele velho clichê: “o que os olhos não veem, o coração não sente”. Porque poucas pessoas que cobriram o evento sentiram tanta emoção como João Batista Maia, de 42 anos, primeiro fotógrafo cego a cobrir as Paralimpíadas, no caso, a de 2016, disputada no Rio. Por conta da deficiência, João, que trabalhava nos Correios, aposentou-se aos 28 anos. Com a aposentadoria e patrocínios recebidos por causa do site, ele disse que consegue investir em equipamentos. “Estou querendo fazer uma faculdade de fotografia. Porque nunca podemos dizer que sabemos. Temos que falar que não sabemos. Conhecimento nunca é demais. Sou licenciado em história. Quero me formar em fotografia agora para poder dar aula. As pessoas com deficiência precisam de conhecimento para entrar no mercado de trabalho, que é bastante segregador”. Apesar de não ter vingado como atleta – conseguiu bons resultados em algumas competições, porém não obteve índices para torneios nacionais , João declarou que é grato ao esporte. “Precisamos aplaudir e valorizar o resultado destes esportistas. Eles suam muito para dar uma alegria ao povo brasileiro, que é a quebra de uma recorde ou a conquista de uma medalha”. O trabalho dele pode ser visto no site www.fotografiacega.com.br e por meio de suas redes sociais: Facebook, Instagram e Twitter. “A fotografia se divide em duas partes na minha vida. Antes de eu ficar deficiente visual, aos 14 anos, e depois de ficar deficiente visual, aos 28 anos. A minha relação com a fotografia foi sempre de amor e paixão, mas depois da deficiência visual, eu imaginei que não pudesse mais fotografar”, contou João, que se trata há 12 anos no Hospital das Clínicas por conta de uma uveíte (inflamação no olho). “Não tenho percentual de visão. Vejo apenas vultos até um metro de distância”. Segundo ele, depois de conversar com alguns amigos, descobriu um curso específico de fotografia para deficientes visuais em São Paulo. “Foram cinco anos aprendendo técnicas, conceitos básicos de fotografia e manuseio da câmera”, disse. O fotógrafo afirmou que gosta de cobrir o paradesporto por já ter sido atleta – arremesso de peso e lançamento de dardo e disco – e por acreditar que a imprensa não dá a devida atenção aos esportistas com deficiência. “Existe uma lacuna aberta e eu me aprofundei nela. Comecei a ganhar a confiança dos atletas. Eles precisavam do meu trabalho e confiavam em mim. A gente vai para um evento com uma pauta. Se determinado atleta não está na pauta, ninguém o fotografa. Então comecei a registrar os esportistas menos conhecidos e o meu pagamento era poder fotografar a quebra de um recorde, a conquista de uma medalha, o choro, a alegria…”. Além de cobrir eventos esportivos, João ministra palestras em empresas e ONGs. “É uma maneira de motivar os deficientes. Tem muitos com bastante potencial e estão em casa sem fazer nada. Às vezes, é a família que não acredita. Às vezes, ele mesmo não acredita em seu próprio potencial. E, se com a minha história, eu conseguir incentivar mais pessoas, a minha missão está cumprida. Não quero só o João trabalhando. Quero mais deficientes na imprensa. No Parapan de Jovens, houve alguns cadeirantes cobrindo o evento”, destacou. Por conta da deficiência, João, que trabalhava nos Correios, aposentou-se aos 28 anos. Com a aposentadoria e patrocínios recebidos por causa do site, ele disse que consegue investir em equipamentos. “Estou querendo fazer uma faculdade de fotografia. Porque nunca podemos dizer que sabemos. Temos que falar que não sabemos. Conhecimento nunca é demais. Sou licenciado em história. Quero me formar em fotografia agora para poder dar aula. As pessoas com deficiência precisam de conhecimento para entrar no mercado de trabalho, que é bastante segregador”. Apesar de não ter vingado como atleta – conseguiu bons resultados em algumas competições, porém não obteve índices para torneios nacionais , João declarou que é grato ao esporte. “Precisamos aplaudir e valorizar o resultado destes esportistas. Eles suam muito para dar uma alegria ao povo brasileiro, que é a quebra de uma recorde ou a conquista de uma medalha”. Fonte: site Torcedores por Mundo sem limites.

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