terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Sensores deixam ruas amigáveis para idosos e pessoas com deficiência

Enfrentar as cidades brasileiras a pé não é tarefa fácil para ninguém, mas a jornada soa ainda pior para pessoas com deficiência ou idosos. Mas algumas tecnologias criadas no país, em desenvolvimento ou já prontas, tentam modificar essa realidade. Em Curitiba (PR), um sistema instalado em 39 cruzamentos, todos próximos a hospitais ou a lugares com maior circulação de idosos, aumenta o intervalo de travessia de pedestres no semáforo a partir da leitura do cartão de transporte que dá isenção da passagem de ônibus para pessoas com deficiência ou com mais de 60 anos. O mecanismo foi criado por meio de uma parceria entre a prefeitura e a empresa de tecnologia Dataprom. Segundo Pedro Darci, gerente de planejamento da Secretaria de Trânsito de Curitiba, um levantamento realizado com cerca de 500 pessoas descobriu que a velocidade de um idoso para atravessar a rua é, aproximadamente, 30% menor do que a média geral, usada para programar os semáforos. Com os novos dados, foram feitas programações paralelas de tempo nos sinais de trânsito, ativadas pelo cartão de transporte. No total, 150 semáforos receberam as placas leitoras entre 2015 e o fim do ano passado, com custo médio de R$ 2.900 cada uma. Mais de 160 mil pessoas usam esses cartões no município. Para Rosemeire Vieira, coordenadora da pós-graduação em enfermagem em gerontologia e geriatria da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, iniciativas assim beneficiam toda a sociedade e contribuem para o envelhecimento com qualidade de vida. “O Brasil envelheceu rápido e não tivemos tempo para a elaboração de políticas públicas que atendam às necessidades de pessoas idosas. Essas demandas são reais, e cuidar delas é responsabilidade de todos”, diz Vieira. VISÃO Outras tecnologias nacionais visam facilitar trajetos urbanos para pessoas com deficiência visual. Uma delas é o Vii Bus, um sistema para pontos de ônibus que traduz em braile e em áudio, com a ajuda de sensores que se comunicam por radiofrequência, todas as informações necessárias para usar o transporte público sem depender de outras pessoas. Um painel instalado no ponto de ônibus mostra as linhas do transporte público que passam pelo local. O usuário seleciona seu destino apertando um botão e um alerta sonoro avisa quando o ônibus escolhido se aproxima. O motorista também é avisado que deve parar para o embarque do passageiro. Segundo Douglas Toledo, CEO da Vii Solutions, responsável pela tecnologia, já estão em andamento negociações com a Prefeitura de Itatiba (84 km de São Paulo) para a implantação do sistema. Na Universidade Tecnológica Federal do Paraná, em Campo Mourão, o professor de ciências da computação Paulo Henrique Sabo testa a bengala inteligente que desenvolveu com um grupo de estudantes. Também direcionada a pessoas com deficiência visual, a bengala interage com dispositivos inteligentes colocados no piso – foram instalados cerca de 400 desses no campus para os testes. Um sensor no artefato recebe informações de localização e direções por meio de radiofrequência. As mensagens, em áudio, são transmitidas ao usuário com fones de ouvidos por condução óssea, que não interferem na audição. 600% deve ser o aumento da população com idade maior do que 80 anos no Brasil até 2060, saltando dos cerca de 3 milhões, em 2013, para mais de 19 milhões. Já a população com idade entre os 20 e os 40 anos deve diminuir em 35%, segundo dados do IBGE. 30% menor é a velocidade de um idoso ao atravessar a rua em relação à média da população em geral. R$ 2.900 é o valor de cada sensor instalado nos sinais de trânsito de Curitiba. 150 semáforos de Curitiba receberam o sensor. Fonte: Folha de S. Paulo Site externo

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