sábado, 28 de janeiro de 2017
Projeto fotográfico com cadeirantes procura encorajar mulheres com deficiência a casar na igreja
RIO — Casar-se vestida de noiva faz parte do imaginário de muitas mulheres. Para as que têm alguma deficiência física, no entanto, há, muitas vezes, dificuldades
extras no caminho, que vão de preconceito à falta de locais adaptados para realização do Dia da Noiva. Encontrar vestidos para cadeirantes? Outro grande
problema. Com o objetivo de chamar a atenção para esta situação, o projeto PARAnoivas oferece ensaios fotográficos que visam a encorajar mulheres com deficiência
física a não desistir do sonho de se casar de véu e grinalda. Paralelamente, há o desejo de sensibilizar empresários e prestadores de serviço para a necessidade
de contemplar também este público.
Idealizadora da ideia, a maquiadora Juliana Rezende conta que esbarrou no preconceito até mesmo ao buscar parcerias para os primeiros ensaios.
— Expliquei o conceito do projeto à dona de uma loja de trajes de noivas e ouvi como resposta que ela não queria sua marca associada a “esse tipo de público”.
O mesmo ocorreu com os responsáveis por uma casa de festas que pedi para usar como locação para as fotos. As pessoas devem entender que o diferente não
é feio; feio é o preconceito. Quero mostrar às noivas com deficiência que elas têm o direito de viver esse sonho — afirma Juliana, que teve a ideia após
trabalhar na Paralimpíada.
A história do PARAnoivas começou a ser escrita depois que Juliana encontrou pessoas dispostas a participar, entre elas fotógrafos, uma artesã que faz buquês,
uma esteticista e uma estilista. Graças a esse grupo, as cadeirantes interessadas podem viver a experiência de um Dia de Noiva típico, com direito a tratamento
estético, limpeza de pele e massagem relaxante com pedras quentes. Pelos serviços e as fotos, são cobrados R$ 1.300.
— Quem não puder pagar pode fazer do mesmo jeito — garante a maquiadora.
Sem movimentos da cintura para baixo, Léia Santos conta que enfrentou dificuldades, há três anos, quando decidiu se casar na igreja. Por isso, aceitou
ser modelo do material de divulgação do projeto sem pestanejar.
— Ouvi de uma costureira que, se ela fosse fazer os ajustes necessários devido à cadeira, estragaria o vestido. Também disseram que eu não tinha condições
de me casar na igreja, o que me fez me sentir inferior. Mas lutei bastante pelo meu sonho e enfrentei as barreiras — conta, emocionada. — É comum as cadeirantes
desistirem de subir ao altar por causa das dificuldades. O preconceito ainda é grande. O projeto vai ajudar as noivas que sonham com esse momento a não
desistirem.
fonte jornal o globo
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