quarta-feira, 25 de janeiro de 2017
NORMA AMERICANA DEVE FAVORECER AUMENTO DA ACESSIBILIDADE NOS CINEMAS
Norma americana, divulgada pela Divisão de Direitos Civis do Departamento de Justiça dos EUA exige que exibidores de cinema implantem soluções de acessibilidade
de conteúdo até 2018.
norma americana: sala de cinema
PraCegoVer: Sala de cinema. Em uma das fileiras de poltronas, algumas possuem cor diferente.
A norma americana faz parte de um conjunto de regulamentos que compoem o ADA – Americans with Disabilities Act (Ato de Americanos com Deficiências), criado
em 1990 para proibir qualquer tipo de discriminação a pessoas com deficiência, e passa a valer a partir de 17 de janeiro de 2017. Os recursos de acessibilidade
exigidos pela norma americana são a audiodescrição e a legendagem.
"A comunidade de deficientes e a indústria cinematográfica forneceram uma visão abrangente sobre esta importante regulamentação", disse a Vice-Procuradora-Geral
Adjunta Vanita Gupta, chefe da Divisão de Direitos Civis do Departamento de Justiça. "A regulamentação estabeleceu um padrão consistente em nível nacional
e garante que, em cinemas de todo o país, as pessoas com deficiência auditiva ou visual possam desfrutar plenamente da experiência oferecida pelos cinemas
assistindo filmes com suas famílias e amigos".
Os exibidores terão cerca de um ano e meio para se adaptarem à norma americana, que se aplica da seguinte forma:
Lista de 3 itens
• Cinemas que já exibem filmes digitalmente em 2 de dezembro de 2016 devem cumprir a norma até 2 de junho de 2018.
• Cinemas que passem por digitalização após 2 de dezembro de 2016 terão que se adequar até 2 de dezembro de 2018.
• Cinemas que forem digitalizados após esse período terão apenas seis meses para cumprir a norma.
fim da lista
a estimativa é de que mais de 38.600 salas já sejam digitais no país). Hoje o mercado dos EUA tem mais de 40.300 salas de cinema.
A norma americana também descreve os principais tipos de custos da novidade para os exibidores, envolvendo aquisição e instalação de equipamentos e outros
itens necessários, treinamento de colaboradores, além do custo administrativo e de manutenção.
Norma americana: repercussão no Brasil
Nos últimos anos, a Agência Nacional do Cinema (Ancine) publicou um conjunto de
Instruções Normativas
que estabeleceram obrigações semelhantes para os exibidores e também outras para os produtores de conteúdos, mas destinam-se exclusivamente às produções
nacionais financiadas com recursos da agência.
De acordo com Paulo Romeu, cego e criador do Blog da Audiodescrição, a norma americana também deve favorecer os brasileiros com deficiência. Segundo ele,
"A norma recém publicada pela ADA deve favorecer o aumento da produção de filmes americanos com recursos de acessibilidade. Bastará que os estúdios contratem
audiodescritores brasileiros para fazerem a adaptação da audiodescrição originalmente produzida em inglês durante o processo de dublagem", diz. "Já existem
tecnologias que permitem a transmissão da audiodescrição diretamente para smart phones e tablets, o que gerou imediato aumento da frequência de espectadores
cegos nas salas de cinema durante a exibição de filmes nacionais. Reconhecemos e aplaudimos o enorme empenho com que a Ancine vem tratando as questões
de acessibilidade em obras nacionais produzidas com financiamento público. No entanto, é preciso reconhecer que a imensa maioria dos filmes que assistimos
em todas as plataformas (cinema, TV aberta, TV paga, ou mesmo em plataformas sob demanda como o Netflix, por exemplo) são de origem estrangeira. Até o
momento, os distribuidores de filmes não se deram conta de que nós, brasileiros com deficiência, também precisamos que recursos de acessibilidade sejam
incluídos na adaptação (dublagem) das obras estrangeiras. Será que farão por livre e espontânea vontade?", complementa.
Sônia Ramires, surda oralizada, usuária de implante cloquear e ativista pela acessibilidade em cinemas comenta: "para surdos que têm boa fluência em português,
a legenda específica para surdos é fundamental, tanto em filmes estrangeiros como em filmes nacionais. É necessário que além das falas também sejam indicados
os ruídos ambientais, músicas e demais conteúdos sonoros sempre que esses elementos sejam indispensáveis para entender a trama, por isso a simples legenda
de tradução não nos basta. Na Argentina há salas de cinema que dispõe do aro magnético, um equipamento que transmite o som do filme diretamente para aparelhos
auditivos e implantes cocleares. Como ouço bem com as próteses para mim é a solução ideal, enquanto que para outros a solução ideal são as legendas. Essa
tecnologia está chegando ao Brasil e em breve imagino que haverá salas de espetáculo com o recurso. Outro aspecto é a forma em que as legendas serão oferecidas.
Já testei teatro com legendas em tablets e não gostei porque requer muito esforço olhar ora para a tela de exibição, ora para as legendas no tablet ou
celular. O ideal seria a legenda no mesmo plano de visão em que o filme é exibido. No cine Sesc de São Paulo colocam uma tela estreita, abaixo da tela
principal. Também não podemos esquecer do envelhecimento da população, e as pessoas de mais edade tendem a apresentar dificuldades de audição, para essas
pessoas as legendas são um elemento importante de integração cultural. Já para as crianças em idade escolar as legendas são um grande incentivo à leitura."
A norma completa do Departamento de Justiça dos EUA pode ser acessada no
site da ADA.
Fonte: Blog da Audiodescrição
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário