terça-feira, 15 de novembro de 2016

Projeto PÉS de teatro-dança para pessoas com deficiência completa 5 anos

Similitudo é o terceiro espetáculo do Projeto PÉS de Teatro-Dança para Pessoas com Deficiência, estreado em 2015 “É preciso asas para voar? É preciso pés para dançar?”, em tom descontraído, Rafael Tursi, idealizador e coordenador do Projeto PÉS, propõe a reflexão que ele fazia a si mesmo quando começou a estudar uma proposta de teatro-dança para pessoas com deficiência (PCD). O que inicialmente era destinado a um público específico, ganhou novas abordagens e hoje é aberto a qualquer interessado, somando, no momento, cerca de 24 integrantes, entre voluntários e alunos. Entre as primeiras participantes do PÉS está Marina Anchises, 27 anos, uma entusiasta da dança. “Quando estou dançando, esqueço do mundo. É a melhor hora pra mim”. No palco, sua atuação favorita é a cena em que dança tango. Para ela, o grupo significa trabalho e diversão. “Um lugar onde faço muitos amigos e tenho uma boa convivência”. Marina possui dificuldade na coordenação motora dos membros superiores, resultado de paralisia cerebral, que não a impediu de dançar, tampouco de desenvolver seu potencial intelectual. A estudante do quinto semestre de Museologia na Universidade afirma que “a UnB abriu um horizonte maior de conhecimento, de oportunidade e de saber”. HISTÓRIA – A vontade de trabalhar com essa abordagem surgiu quando Tursi acompanhou a reabilitação da amiga Maiara Barreto – modelo e atleta que representa o Brasil nos Jogos Paralímpicos Rio 2016 –, que ficou tetraplégica após um acidente de moto. Durante o tratamento, ele observou que o trabalho com os pacientes geralmente era feito no campo da Educação Física ou da Fisioterapia. Decidiu, então, pesquisar uma opção por meio da dança e do teatro, dedicando-se dois anos para estudar o assunto, período em que concluía o bacharelado e prosseguia para a dupla habilitação com a licenciatura em Artes Cênicas. Em 2011, com o apoio da professora Fabiana Marroni, a pesquisa de Tursi deu origem a um projeto de extensão, semente do PÉS. “Quando iniciamos, tive meu primeiro choque: as pessoas com deficiência raramente chegam à Universidade”, conta Tursi. De acordo com ele, à época havia apenas um professor, um aluno e um funcionário com deficiências cadastrados no sistema da UnB. Assim, decidiram abrir o projeto para toda comunidade. Era o início das atividades do PÉS, com cinco participantes de diferentes localidades de Brasília. A iniciativa obteve êxito, virou tema de projetos de graduação e de mestrado e repercutiu para além do ambiente acadêmico. Hoje, o PÉS soma mais de cem atividades realizadas, entre apresentações, debates em escolas e empresas do Distrito Federal, duas palestras em Portugal para executivos de uma organização global e outras duas para petrolíferas no Rio de Janeiro, além da participação em dezenas de mostras, congressos e encontros de Artes, Educação Física, inclusão social e Psicologia no país. Com o desenvolvimento dos participantes durante as aulas, surgiu a necessidade de propor um novo desafio. Decidiram montar o primeiro espetáculo do grupo, o Klepsydra, estreado em novembro de 2011, no anfiteatro 9, da UnB. O nome da apresentação refere-se ao instrumento de origem egípcia, também conhecido como relógio de água, utilizado na antiguidade para medir o tempo. “Quando as pessoas iam assistir aos nossos ensaios, às vezes queriam ver acrobacias mirabolantes, mas, quando chegavam lá, percebiam que usávamos uma aula inteira para ensinar um pequeno movimento. Então, fizemos a analogia com o termo, pois uma gotinha da Klepsydra é apenas uma gota d’água, mas de gota em gota tem-se um longo tempo decorrido. É assim na aula, de esforço em esforço temos um grande resultado”, explica Tursi. Roges Moraes, 21 anos, é cadeirante e protagonista de uma das cenas que impressiona o público no espetáculo. Ao som da música The way you Make me Fell, de Michael Jackson, entre giros e movimentos, ele realiza algumas acrobacias. Chega a ‘plantar bananeira’, uma parada de mão sobre sua cadeira de rodas. O estudante explica que a atuação seria difícil para pessoas com ou sem deficiência e acredita que “aqueles que entram com algum preconceito, achando que somos incapazes de fazer algo, ficam maravilhados quando assistem à apresentação. O PÉS é uma forma de incentivo, de levantar a cabeça e mostrar que você realmente consegue fazer”. Fonte: UNB Notícias

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