terça-feira, 2 de agosto de 2016

Estudante cria acessório para ajudar cegos a servirem chimarrão no RS

O ato de tomar chimarrão no Rio Grande do Sul não é apenas o consumo de uma bebida, mas também uma forma de socialização. Para deficientes visuais, no entanto, participar de uma “roda de mate” é complicado, devido à dificuldade de servir a água. Pensando nisso, o estudante de desenho industrial da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), na Região Central do Rio Grande do Sul, criou um acessório simples e barato que fará a diferença para os cegos que apreciam a tradicional bebida gaúcha. O invento do universitário Ricardo Abelin Fleck é uma estrutura de metal que fica em torno da garrafa térmica, fazendo com que quem for servir consiga perceber, sem precisar enxergar, onde a cuia pode ser posicionada de acordo com o ponto de referência. Assim é possível evitar que a água seja despejada fora do recipiente. O técnico em educação Cristian Sehnem perdeu a visão aos 18 anos, mas manteve o hábito de tomar chimarrão. No entanto, na hora de servir a bebida, ele enfrentava o constrangimento e o risco de se queimar com água quente. Isso até ter sido convidado a participar do projeto do estudante. “Jamais alguém pede para a pessoa cega servir o chimarrão, porque já sabe que não vai dar certo. Ou você vai se queimar, ou vai derramar ou vai desmanchar o chimarrão, e assim por diante”, conta Sehnem. Fleck destaca a importância do acessório para evitar acidentes e constrangimentos. “Uma delas é a questão das queimaduras, que são frequentes quando você vai tentar servir sem suporte. A outra é medo de derrubar o chimarrão no chão, derrubar o morrinho do chimarrão, e acabar se sentindo excluído dentro de uma roda. É desconfortável. E por fim é a questão higiênica do chimarrão, de você ter de tocar as partes de onde sai a água o tempo inteiro para se localizar”, enumera. A ideia do estudante era produzir uma tecnologia barata, que fosse acessível a muitas pessoas. O primeiro modelo do suporte foi feito artesanalmente e custou R$ 100, mas uma produção industrial reduziria o valor para cerca de R$ 30. O projeto será disponibilizado na internet para que outros estudantes e até mesmo empresas possam aprimorar o modelo. O desafio agora é desenvolver um sensor, que avise quando a cuia está cheia. Mesmo assim, o professor orientador do projeto, Sérgio Brondani, destaca a importância do que já está pronto. “Um acessório de baixo custo, que atenda às necessidades, e em consequência a melhoria da autoestima do próprio usuário”, disse. Satisfeito com o novo acessório, Sehnem concorda. “Em uma roda de chimarrão, de repente eu estou servindo a todos e esses muros, essas distâncias se acabam”, celebra. Fonte: site G1.com RS.

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