sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Conheça destinos preparados para cadeirantes, cegos e surdos

Paulista Ricardo Shimosakai no muro de Berlim, cidade que ele aponta como uma das mais bem adaptadas no mundo Paulista Ricardo Shimosakai no muro de Berlim, cidade que ele aponta como uma das mais bem adaptadas no mundo O prazer de viajar não tem limites. Esse desejo, que move o homem desde os primórdios, vem, a cada dia, impulsionando mais pessoas com alguma deficiência física ou mobilidade reduzida a colocar o pé na estrada, com muletas, acompanhadas de cão-guia ou em cadeiras de roda. Nada as impede de se encantarem com os atrativos, lançarem-se em aventuras e experimentarem novas sensações até no fundo do mar – o obstáculo, infelizmente, ainda está no fato de o destino escolhido estar ou não adaptado à altura desse viajante especial. Mas essa realidade, já bem diferente na maioria dos países de Primeiro Mundo, começa a mudar também por aqui. Muitas cidades turísticas, como Socorro, no interior paulista, Maceió, Gramado, Foz do Iguaçu, Bonito e, entre outras, Fernando de Noronha, já são referência em destinos adaptados no país. A maioria delas, contudo, ainda engatinha no quesito acessibilidade (embora garantida hoje por leis federais), porém, se quiser atrair esses potenciais visitantes, vai ter que se adaptar logo. Afinal, cerca de 46 milhões de brasileiros (24% da população) têm deficiência intelectual, motora, visual ou auditiva, apontou o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “No Brasil, nos últimos 15 anos, as pessoas com deficiência têm conquistado mais espaço na sociedade. E, com isso, saímos mais, viajamos mais, passeamos mais e acabamos fazendo com que os equipamentos de lazer, cultura e turismo estejam mais preparados para atender as nossas demandas específicas”, observou o professor universitário mineiro e doutor em educação Flávio Oliveira, que é cego, confirmando o que a pesquisa do Ministério do Turismo, realizada em 2013, já havia concluído: “há muitos viajantes frequentes”, dentre o contingente de pessoas com deficiência no país. Compartilhamento No entanto, as pessoas com deficiência ainda se ressentem da falta de programas específicos. Até encontrar informações sobre destinos e atividades adaptados era difícil há alguns anos. A solução, encontrada pela graduada em letras e cadeirante mineira Laura Martins – com oito países no currículo, além de muitas capitais e grandes cidades brasileiras –, foi, há seis anos, criar o blog Cadeira Voadora para compartilhar suas experiências de viagens. “Agora, é um círculo virtuoso: eu incentivo as pessoas a viajarem, e elas me estimulam de volta”. Por essa ocasião, o professor universitário e cadeirante paulista Ricardo Shimosakai também criou o blog Turismo Adaptado e, ainda, decidiu atuar no setor de consultoria em projetos de acessibilidade e de inclusão da parte física, a fim de “tornar mais fácil o dia a dia do viajante com deficiência”. Sentimento de liberdade motiva mergulhadora “Não é somente poder apreciar o fundo do mar, mas ter a sensação de liberdade, o fato de se sentir capaz e livre”, resume a relações públicas e cadeirante mineira Adriana Buzelin seu gosto pelo mergulho, atividade que veio a abraçar depois do acidente sofrido no início da década de 90. Adriana se tornou, em 2012, a primeira mergulhadora com deficiência de Minas. E, de lá pra cá, já acumula quatro formações na modalidade. Além da carteirinha de praticante de mergulho autônomo adaptado, que conquistou na Scafo Escola, em São Paulo – a capital mineira não tem curso de mergulho específico para pessoas com deficiência –, Adriana também já possui os cursos nitrox (mergulho em grande profundidade, abaixo de 23 m), mergulho noturno e mergulho de naufrágios. E o que é melhor: a marca de mais de 20 mergulhos, uma atividade que, se não bastasse o prazer em sí, a editora da revista online “Tendência Inclusiva”ainda associa com visitas a vários points privilegiados com recife de corais e naufrágios, tanto no Brasil como no mundo. Na lista, estão destinos como Curaçau, Aruba e Bonaire, nas Antilhas, e Cabo Frio e Rio de Janeiro, no litoral fluminense, e Ilhabela e São Sebastião, em São Paulo. “Para algo ser considerado acessível, tem que oferecer segurança e autonomia”, pondera a cadeirante Laura Martins A Turismo Adaptado, de Ricardo Shimosakai, elabora roteiros de viagens para pessoas com deficiência Sensorial (I) Programa inclusão com bustour Inclusão é o objetivo de roteiros rodoviários que a Federação das Empresas de Transportes de Passageiros por Fretamento do Estado de São Paulo (Fresp) incentiva. O programa-piloto foi realizado no último dia 11 de junho. Sensorial (II) Estreia leva cegos a cafezal Voltada para o turismo sensorial, a primeira experiência foi com um grupo de cegos na fazenda Retiro Santo Antônio, a 172 km da capital, onde colheram café, debulharam milho e degustaram cafés regionais na Cafeteria Loretto, em Espírito Santo do Pinhal. Rio Projeto praia para todos Desde 2008, acontece no Rio o projeto Praia para Todos, em que são disponibilizados cadeiras anfíbias, monitores, esteiras para andar na areia e atividades esportivas adaptadas. Esse programa, que já foi itinerante, chegou à oitava edição no verão 2016 com locais fixos: posto 3 da Barra da Tijuca e entre os postos 5 e 6 de Copacabana. Fonte: O Tempo

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