quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Y todo a media luz, crepusculo interior...

O Gallito Ciego Móvil tem cozinha profissional, salão com ar condicionado para 25 pessoas, janelas vedadas com blackout e piso rebaixado Um ônibus transformado em restaurante tem circulado por escolas e empresas na Argentina, prestando serviços de catering de café da manhã, almoço, merenda e jantar. Além do inusitado fato de ser um restaurante sobre rodas, este ônibus está mudando a visão da sociedade sobre os deficientes no país do tango. Batizado de Gallito Ciego Móvil (Galinho Cego Móvel), o restaurante funciona às escuras com cozinheiros e garçons cegos, que se encarregam de todo o serviço da cozinha e do salão. Por sua vez, o público come em total escuridão, vivenciando as dificuldades enfrentadas pelos cegos e se dá conta dos próprios preconceitos. O projeto é realizado em Buenos Aires e em municípios da província de Buenos Aires pela Audela, uma associação civil que promove a integração social e laboral de pessoas com deficiência. O restaurante móvel conta com dez deficientes visuais capacitados pelo Instituto Argentino de Gastronomia (IAG), que se alternam em equipes de três em cada evento. Inspirado no restaurante suíço Blinde Kuh (Vaca Cega), o Gallito funcionou entre 2002 e 2004 num salão do Instituto Roman Rosell, voltado à reabilitação de pessoas cegas. Em 2012, foi reinaugurado na versão sobre rodas. Para isso, a Audela adaptou um ônibus com 14 metros de comprimento e 2,20 metros de altura. O veículo possui cozinha profissional, salão com ar condicionado para 25 pessoas, janelas vedadas com blackout e piso rebaixado. Uma rampa hidráulica permite o acesso de cadeirantes. No início de cada evento, os cozinheiros cegos dão as boas-vindas ao público na porta do ônibus. Todos sobem a escada do veículo em fila, com a mão sobre o ombro da pessoa à frente, e passam por um labirinto de cortinas que impede a entrada de luz. Assim, quando se sentam às mesas, os clientes já não enxergam nada. Somente após a sobremesa, as luzes se acendem e os cozinheiros coordenam um debate com o público e é neste momento que eles mostram que o humor é uma ferramenta valiosa para lidar com os preconceitos. Segundo Mónica Spina, diretora da Audela, as crianças costumam expressar suas curiosidades com total inocência. “Uma vez, um menino perguntou aos cegos como eles tomavam banho. E a cozinheira respondeu, com naturalidade: ‘Nua, como você!’”, recorda Mónica. Já nas perguntas dos adultos, nota-se uma preocupação de como a vida seria se eles também ficassem cegos. O cozinheiro Javier Suñé que perdeu a visão de maneira progressiva devido à cegueira congênita, diz que o Gallito Ciego vem rompendo barreiras ao mostrar à sociedade que os cegos também são pessoas capazes: “Muita gente relaciona cego com mendigo ou pensa que você perdeu a visão por descuido”, diz ele. A Audela pretende rodar por toda a Argentina com o restaurante móvel. O objetivo é fazer do Gallito Ciego um projeto federal. Y todo a media luz, crepusculo interior... (Fonte: Audela)

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