sexta-feira, 22 de maio de 2015
Daniel Kish, o cego que aprendeu a ver
Daniel Kish é cego dede que tinha 13 meses de vida, mas ele aprendeu a ver usando uma forma de localização por meio de eco
Daniel Kish é cego dede que tinha 13 meses de vida, mas ele aprendeu a “ver” usando uma forma de localização por meio de eco
Daniel Kish, 47 anos é completamente cego desde que era apenas um bebê, mas isso não o impediu de viver uma vida extremamente ativa, que inclui
andar
de bicicleta ou caminhar sozinho pelas montanhas. Para fazer isso, ele aperfeiçoou uma forma de ecolocalização, o mesmo mecanismo utilizado pelos morcegos
para ver no escuro.
Daniel nasceu com uma forma agressiva de câncer chamado retinoblastoma, que ataca a retina, e em apenas 13 meses os médicos tiveram de remover ambos os
olhos a fim de salvar sua vida. Ele agora tem olhos protéticos. Ele nunca viu uma
árvore,
um carro, ou um outro ser humano, mas é perfeitamente capaz de caminhar sozinho em qualquer ambiente, mesmo acidentado, e até mesmo descreve seu entorno
com riqueza de detalhes, usando a ecolocalização, uma técnica que pratica desde uma tenra idade.
Basicamente Daniel usa o som para ver. Cada
ambiente
e superfície tem a sua própria assinatura acústica e ele produz cliques agudos breves com a língua para identificá-los. As ondas sonoras que ele cria
viajam a uma velocidade de mais de 340 metros por segundo, golpeando todos os objetos que o rodeia, e retornam aos seus ouvidos com a mesma taxa e com
menor intensidade, dizendo-lhe exatamente o que está acontecendo ao seu redor, permitindo que se localize.
– “Eu uso a ecolocalização desde os dois anos de idade, ou mais jovem, mas eu realmente não consigo me lembrar”,
disse Kish em uma entrevista.
– “Duvido muito seriamente de que a maioria das pessoas que enxergam deem atenção sobre a forma como veem, então eu realmente não prestei atenção em quando
comecei a fazer isto para ver”. Mas ele descobriu muito rapidamente e desde então está afiando suas habilidades de ecolocalização quase à perfeição.
Seu método envolve estalar a língua contra o céu de sua boca. Quando Daniel Kish estala a sua língua, o mundo responde.
Seu método envolve estalar a língua contra o céu de sua boca. Quando Daniel Kish estala a sua língua, o mundo responde.
Uma equipe de cientistas
espanhóis
estudou Kish e descobriu que o clique que ele faz movimentando a ponta da língua rapidamente e com firmeza contra o céu da boca é acusticamente ideal
para a captura de ecos.
Daniel diz que há duas razões para a ecolocalização, ou FlashSonar, como ele gosta de chamar, funciona tão bem para os seres humanos. O primeiro é o posicionamento
dos nossos ouvidos de cada lado da cabeça. É raro que giremos para o lado errado quando alguém chama nosso nome, porque o som atinge o ouvido um milésimo
de segundo mais rápido do que o outro, tempo suficiente para o córtex auditivo processar. A segunda razão é a nossa excelente audição. Ouvimos muito melhor
do que vemos, como comprovado pelo fato de que não podemos detectar a luz ultravioleta ou
infravermelha,
mas em comparação, podemos ouvir até 10 oitavas. Podemos ouvir o que acontece atrás de nós, ou em cantos escuros e até mesmo em uma sala completamente
à prova de som, nunca estamos em silêncio, já que podemos ouvir nossos próprios órgãos internos. A audição humana é muito subutilizada.
Assim Daniel usa o som que reflete no ambiente para formar imagens tridimensionais de seus arredores, em sua cabeça.
– “Não que eu possa realmente diferenciar metal da madeira, mas posso dizer que a diferença entre o arranjo das estruturas”,
disse ele à BBC.
– “Por exemplo, uma cerca de madeira é susceptível de ter estruturas mais espessas do que uma cerca de metal e, quando a área é muito tranquila, a madeira
tende a refletir de forma mais vibrante, já o metal é mais intenso”. Mas o sentido das imagens pode ser muito rico para um usuário especialista da ecolocalização,
que lhe permite detectar pequenos detalhes, como se um edifício é inexpressivo ou ornamentado. Ele aponta que as condições ambientais devem ser favoráveis
para que o FlashSonar seja confiável.
Desde 2000, Daniel criou uma pequena organização sem fins lucrativos chamada
World Access for the Blind,
que ensina a ecolocalização para os deficientes visuais. Mais de 500 alunos de 25 países ao redor do mundo tiveram aulas a com este Batman da vida real,
no entanto, nenhuma grande organização de cegos na América apóia sua missão.
A Federação Nacional dos Cegos considera que a ecolocalização é muito complicada para a maioria dos cegos, e outros ainda consideram que o comportamento
de Daniel Kish é “vergonhoso” por causa da língua estalando, algo que poderia ser considerado anormal em certos ambientes. Mas ele está cansado de ouvir
que o melhor para qualquer cego é ficar perto de casa, memorizar rotas e depender da benevolência das pessoas com visão para executar a maioria das tarefas
rotineiras. Então, apesar de uma total falta de apoio, ele continua a tocar sua ONG, dando dicas e aulas gratuitas para quem quiser aprender a ecolocalização
como uma oportunidade de ver com os ouvidos.
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Blind as a Bat: Seeing Without Eyesight
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Fonte: Metamorfose Digital
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