terça-feira, 19 de maio de 2015
Brasil: USP Ribeirão testa objeto menor que grão de arroz para combate a cegueira
Tecnologia reduz em 4 vezes o custo de tratamento de doenças na retina.
Pesquisadores da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto (SP) evidenciaram a eficácia de um dispositivo mais fino do que um grão de arroz no tratamento
de doenças como a retinopatia diabética, que pode levar à cegueira, por um custo quatro vezes menor do que implantes importados.
Desenvolvida pelo professor da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Armando da Silva Cunha Junior, a tecnologia é testada
desde 2014 pela Faculdade de Medicina no campus da USP no interior de São Paulo.
Na primeira fase de testes, classificada como de segurança, a inovação foi aplicada em dez pacientes com oclusão da veia da retina, com hemorragias que
afetam o fundo dos olhos e um inchaço na região central da retina, explica o médico e pesquisador Rodrigo Jorge. Os resultados mostraram vantagens em relação
a outros métodos de combate a doenças vasculares da retina.
"Esse inchaço é o principal responsável pela piora da visão nesses casos. Uma das drogas que funcionam para diminuir o inchaço da retina é o corticoide,
justamente a droga que é colocada nesse pequeno comprimido que implantamos na parte de trás do olho. Esse comprimido libera essa droga de forma lenta e
contínua, em doses apropriadas para o problema", afirma.
No decorrer da pesquisa, Jorge constatou que, além de reduzir a inflamação da retina, a tecnologia melhorou a acuidade visual dos pacientes e os poupou
de receber injeções mensais de outros medicamentos tradicionais. Também demonstrou ter menos efeitos colaterais.
"Esse estudo teve como objetivo principal mostrar que o implante não ia machucar o olho do paciente. Não teve nenhum efeito ruim para o olho desses dez
pacientes que foram tratados."
O tratamento também se mostrou mais barato e duradouro em relação ao implante já existente e desenvolvido por um laboratório na Califórnia, nos EUA. "O
custo do implante desenvolvido pela Universidade Federal de Minas Gerais é em torno de R$ 600 e o importado é de R$ 2,4 mil. O efeito do implante pode
durar de quatro a seis meses. Ele libera lentamente a droga. Isso é muito melhor do que o que é feito atualmente, que é a injeção de outros fármacos, cujos
efeitos duram em média de um a dois meses", diz.
A próxima etapa, segundo o médico responsável pela pesquisa, é ampliar o número de pacientes testados para até 60 e focar na redução do inchaço e na melhora
da qualidade da visão. O andamento depende de uma autorização da Comissão Nacional de Ética e Pesquisa (Conep), em Brasília (DF).
Também são necessários investimentos, que podem partir da iniciativa pública e privada, explica Jorge. "Vamos tentar o recurso público, federal ou estadual,
ou às vezes, por já ter sido testado em humanos, alguma empresa tenha interesse."
Fonte:
http://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2015/05/usp-ribeira...
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