sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Governo Do Amazonas Apresenta Exposição Com Ferramenta De Acessibilidade Para Deficientes Visuais Em Manaus

Jornal de Humaitá 03/12/2014 A exposição “Registros Urbanos – A Vida Passa pela Frente”, do artista plástico amazonense Fernando Júnior, inova com a inclusão de ferramenta de acessibilidade para deficientes visuais. José Rodrigues Esta é a terceira mostra realizada pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (SEC), que emprega tecnologia para permitir a quem não enxerga acesso à cultura. A exposição pode ser conferida na Galeria do Largo (rua Costa Azevedo, nº 290, Largo de São Sebastião, Centro, zona sul), até o dia 15 de dezembro, de terça a domingo, das 16h às 21h. A entrada é gratuita. Deficiente visual desde os nove anos, o aposentado Renê Severo visitou pela primeira vez uma galeria de arte para acompanhar a exposição de quadros. Para ele, além de derrubar barreiras, a inovação contribui para reduzir o preconceito. “É mais oportunidade não só para mim, mas para todos os outros que têm problemas de deficiência visual. Facilita totalmente. Acho que é uma evolução para combater a discriminação contra quem tem algum tipo de deficiência”, disse. O circuito de visitação acessível é fruto do trabalho da Biblioteca Braille e da Assessoria de Acessibilidade da SEC. Para a inclusão, os quadros foram submetidos à técnica da audiodescrição, recurso em áudio no qual as características da obra são detalhadas por um especialista. O conteúdo fica armazenado em equipamentos que reproduzem o som com a descrição para os visitantes. Com eles, é possível saber detalhes de cor, textura e formato das obras de Fernando Junior, que fazem um resgate arquitetônico do centro histórico de Manaus. Os guias da Galeria do Largo auxiliam o público a circular pelo espaço e conhecer os trabalhos. A universitária Luana Moura, que sofre de problemas de baixa visão, ficou satisfeita após conferir as telas. A jovem disse que a opção de visitar museus, galerias de arte e demais espaços culturais ajuda a tornar as pessoas cegas mais independentes. “Contribui na autonomia do deficiente visual porque anteriormente o deficiente dependia de terceiros para poder ler, enxergar e descrever e, às vezes, as informações não eram passadas da maneira adequada. Então, através da audiodescrição, que é um serviço voltado para o deficiente visual, proporciona-se autonomia para quem deseja ter acesso à cultura e ao conhecimento”, relatou. O diretor da Biblioteca Braille, Gilson Mauro, explica que a adoção da audiodescrição incentiva as pessoas com deficiência visual a visitar os espaços culturais. “Identificamos que era a hora da pessoa com deficiência vir a uma galeria, conhecer o que contém ali. É um ganho muito importante na área social e intelectual”. Com 15 anos de existência, a Biblioteca Braille possui um acervo de mais de quatro mil livros falados, títulos em Braille e filmes em audiodescrição. O espaço também oferece cursos e apoio pedagógico para pessoas cegas. Ação permanente – Segundo Mauro, de experimento, o circuito cultural acessível será transformado em ação permanente. Com isso, a expectativa é desenvolver o mesmo trabalho nas próximas exposições que ocuparem a Galeria do Largo. “Nossa grande preocupação é mostrar para as pessoas que todos possuem o mesmo direito. O direito de estar na sociedade, de ter acesso à cultura e à educação. É poder fazer como Luiz Braille: ‘Se meus olhos não me deixam obter informações, que eu procure outra maneira de me informar’”, ressaltou. Memória cultural – A exposição “Registros Urbanos – A Vida Passa pela Frente” apresenta parte da memória do Centro Histórico de Manaus através de imagens dos palácios, praças, ruas de pedras e outras características que marcaram as fases áureas da história da capital amazonense. A curadoria é do artista plástico amazonense Sérgio Cardoso. As pinturas e os desenhos de Fernando Júnior expressam os costumes e as edificações urbanas e arquitetônicas de moradias populares na beira do rio dos antigos moradores do centro. É possível conhecer, ainda, detalhes e peculiaridades de casas, barcos, janelas e portas que emolduravam o cenário urbano da cidade.

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