quarta-feira, 17 de dezembro de 2014
Cega, estudante do RN disputa final da Olimpíada da Língua Portuguesa
Maria Heloíza, de 16 anos, teve texto classificado para etapa nacional.
Estudante moradora de Santo Antônio perdeu visão quando ainda era bebê.
Felipe Gibson
Filha de uma família humilde, deficiente visual e finalista da etapa
nacional da Olimpíada da Língua Portuguesa. Essa é Maria Heloíza Tavares
Barbosa,
de 16 anos, moradora da zona rural do município de Santo Antônio, na
região Agreste do Rio Grande do Norte. O texto que levará a estudante
para Brasília
foi baseado nas memórias de uma antiga moradora da pequena cidade de 22
mil habitantes. Os nomes dos vencedores serão conhecidos nesta
quarta-feira (17)
em uma cerimônia na capital federal.
"Foi uma surpresa muito grande. Contei a história de dona Edith.
Procurei falar das sensações. O que ela sentia quando via tudo aquilo.
Foi uma volta ao
passado. É a primeira vez que participo e não esperava nunca chegar onde
cheguei. É uma grande vitória", conta a estudante. O texto de Heloíza
concorre
na categoria 'Memórias Literárias'.
Aluna do 7º ano da Escola Municipal Doutor Hélio Barbosa de Oliveira, a
menina desde pequena é acompanhada pela mãe em sala de aula. Orgulhosa,
a agricultora
Maria Aparecida Tavares de Souza, de 30 anos, relata que Heloíza perdeu
a visão ainda bebê. "Nasceu prematura e ficou muito tempo na incubadora.
Isso afetou
a retina dela", lembra.
Ajudar a filha deficiente visual motivou a volta da mãe para a sala de
aula. Aparecida só estudou até a 4ª série do Ensino Fundamental. O
marido dele e
pai de Heloíza é pedreiro e também estudou pouco.
Na sala de aula, a mãe faz as anotações para a filha já que a família
não possui digitador em braille. Em casa, as duas estudam o conteúdo
juntas. "Me
ajuda e incentiva. É muito importante", diz Heloíza. E apesar de ser
parte importante dos estudos e na mais nova conquista, a agricultora não
vai para
Brasília acompanhar a cerimônia da Olimpíada. "É o medo do avião. Vai
uma tia dela que já andou", conta aos risos.
Para a professora de Língua Portuguesa, Mércia Fontoura, o texto de
Heloíza tem potencial para vencer. "As ideias estão muito bem
articuladas. Em sala
de aula é uma aluna silenciosa, mas que interage muito nos momentos de
avaliação", ressalta. De acordo com a professora, foi realizada uma
entrevista coletiva
com a moradora e 48 alunos da escola produziram um texto com base nas
lembranças da entrevistada.
"Fiz uma seleção de três e a direção escolheu um, o texto de Heloíza.
Ainda passamos pela etapa municipal, regional e agora chegou a hora da
nacional",
diz.
fonte:g1
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