sábado, 22 de novembro de 2014

Atleta cego encara Ultramaratona do Atacama pela 2° vez:

Vencer o deserto é o próximo desafio de Vladmi dos Santos, 43 anos. Sem enxergar há 10 anos, ele irá cruzar pela segunda vez os 250 km da Ultramaratona do Atacama, no Chile. A prova é considerada uma das quatros mais difíceis do mundo. Além do calor, que durante o dia passa dos 40ºC, com sensação térmica próxima dos 50ºC, os competidores precisam enfrentar as armadilhas da natureza, como dunas, montanhas e rochas encravadas no solo (assista ao vídeo com a reportagem). – O grande motivo pelo qual eu faço esse tipo de prova é que me encontro. Parece que a gente está no meio do nada, no calor, mas é uma presença espiritual e uma presença de Deus tão grande que eu me encontrei e espero envelhecer fazendo esse tipo de prova - disse em reportagem do Fantástico. O gaúcho, natural de Rio Grande, na Região Sul do Rio Grande do Sul, é um colecionador de vitórias. Ele já atravessou correndo o deserto da Jordânia, no Oriente Médio e venceu, na categoria dele, algumas das competições mais importantes do mundo: Berlim, Genebra, Lisboa, Amsterdã e a Maratona da Itália. Vladmi encontrou nas maratonas uma maneira de se aproximar do que define como "plena felicidade". Natural de Rio Grande, Vladmi é um colecionador de vitórias (Foto: Roberta Salinet/RBS TV) Natural de Rio Grande, Vladmi é um colecionador de vitórias (Foto: Roberta Salinet/RBS TV) – Eu não estou fazendo para provar nada para ninguém. Eu estou fazendo porque isso me preenche, me faz feliz. Está dentro do meu sangue, o dever cumprido. Terminar uma prova de 250 km, pegar a medalha e pensar "eu consegui"… Isso é felicidade para mim – revela. O atleta fez questão de registrar cada um desses momentos. As imagens são captadas por uma câmera presa a seu capacete que, além do trajeto, mostram sua atual guia, a americana Erin Leigth, que o acompanha em todas as corridas. Até os 33 anos, Vladmi estava muito distante da vida repleta de grandes desafios no deserto. Trabalhava no terminal de contêineres do Porto de Rio Grande, onde passava as madrugadas orientando os navios que chegavam para atracar. No meio desta rotina, começou a perceber que não estava enxergando direito, que a visão passou a ficar embaçada. Após visitar vários médicos, um dia recebeu o diagnóstico: uma doença generativa o deixaria cego. – A partir daquele momento, em que recebi a notícia, fiquei em choque. Ao mesmo tempo, tive que pensar em aproveitar o máximo que eu podia. Foram oito meses para guardar lembranças e para tentar me adaptar para que não fosse um choque tão grande – relembra. Depois da confirmação da doença, Vladmi foi aposentado por invalidez. Hoje, a percepção do atleta sobre a vida mudou. – Nós aprendemos a ver a vida de uma maneira diferente. Não me interessa o julgamento visual, não me interessa a cor da pele. Falo com as pessoas de igual para igual, trato todas do mesmo jeito, com humildade e simplicidade. E eu consigo perceber se a pessoa que está falando comigo do outro lado está sendo verdadeira ou não. Eu acho que a sensibilidade aumentou muito nessa questão – declara. O apoio da família, da mulher e das duas filhas, é simbolizado por três alianças que ele leva no bolso. A caçula, Fernanda, que nasceu há três anos, deixou a rotina deles ainda mais movimentada. Vladmi ajuda nas tarefas da casa e participa da rotina das meninas de forma ativa: prepara o lanche, penteia os cabelos e valorizada cada instante. Para adaptar as atividades diárias a sua condição, o competidor precisa tomar alguns cuidados. Ele deixa um braço de distância das residências para evitar acidentes como bater em janelas ou portas abertas. Mesmo com os "obstáculos", cada caminhada se torna um aquecimento para os treinos. Logo que deixou de enxergar, o Vladmi não pensava em correr, mesmo tendo começado a praticar o esporte aos dez anos. Foi um amigo quem o ajudou no processo. Atualmente considerado um dos maiores atletas paraolímpicos do Brasil e um dos corredores mais respeitados do mundo, Vladmi optou pela praia como um dos seus locais favoritos para treinar. Já que o local tem poucas barreiras e obstáculos, o competidor pode correr sem a bengala. – É uma sensação maravilhosa. É como se a pessoa estivesse deitada há muito tempo e desse os primeiros passos. É assim que eu me sinto: livre. Acho que se eu não tivesse desafios, talvez me faltasse alguma coisa. Hoje estou nas provas do deserto, mas tem algumas outras coisas que ainda penso em fazer, como saltar de paraquedas e voar de asa-delta – completa o atleta. fonte:globo sporte

Um comentário:

  1. Sensacional um história muito linda e motivadora!!!! Parabéns Guerreiro!

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