domingo, 23 de março de 2014

Após 10 anos, acessibilidade fica apenas no papel

Dez anos após regulamentação da lei nacional que obriga prédios públicos a serem acessíveis a pessoas portadoras de deficiência física ou com mobilidade reduzida, Campinas ainda não cumpriu a determinação e não há prazo definido para que todos os espaços sejam adaptados. Entre as mudanças exigidas estão guias rebaixadas, elevadores, rampas com escadas e piso antiderrapante. A Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, Emmanuelle Alkmin, admitiu o problema nesta quarta-fera (19) e afirmou que, até o final do ano, a Prefeitura iniciará um estudo para levantar como pode ser feita essa transformação nos espaços públicos. Além disso, um censo que planeja mapear os deficientes físicos na cidade, previsto para começar em outubro, ainda não foi feito. Vai demorar O estudo, segundo a secretária, levaria cerca de um ano e meio para ser finalizado. Ainda não há verba orçamentária ou prazo para a implantação das mudanças. O cronograma de adaptação das Escolas Municipais de Ensino Fundamental (Emefs) já estaria pronto, mas não há data para que as mudanças estruturais comecem a ocorrer, devido ao processo administrativo necessário. Hoje, segundo a Prefeitura, 70% das escolas já estão acessíveis. “Precisamos do estudo para fazer as priorizações, saber quais prédios e áreas receberão a reforma antes. Começaremos o cronograma com equipamentos de Saúde, Assistência Social e Cultura”, disse Emanuelle. A Agência Anhanguera de Notícias (AAN) percorreu alguns locais públicos de Campinas e constatou a falta de acessibilidade. No Paço Municipal, por exemplo, o deficiente físico ou a pessoa com mobilidade reduzida têm dificuldade para acessar o local. O elevador inclinado (um sistema de trilhos instalado na escadaria) está quebrado há nove meses. Segundo a Prefeitura, o equipamento foi depredada nas manifestações de junho, no ano passado. O único acesso hoje para cadeirantes é pelas entradas nas ruas Barreto Leme ou Benjamin Constant. São cerca de 200 metros de subida. Dificuldades A cadeirante e dona de casa Maria do Carmo de Arruda, de 41 anos, afirmou que encontra muita dificuldade para se locomover e que já desistiu de tentar em alguns locais públicos. “Para ir à Prefeitura é difícil, nunca vou sozinha. Para subir, ou eu vou com alguém, ou de carro.” Maria usa há 37 anos a cadeira de rodas para se locomover. Segundo ela, a última vez que utilizou o elevador do Paço foi em 2009. Desde então, nunca mais o viu funcionando. São dois trilhos para as máquinas, que contam com interfone para o deficiente chamar auxílio, mas estão desativados. Outro lugar onde a acessibilidade é parcial é a Concha Acústica do Taquaral. O local, que recebe concertos, shows e atividades culturais, não oferece facilidade de acesso. Apesar de ter na arquibancada espaço reservado aos cadeirantes, não há caminho acessível até lá. A descida irregular, de paralelepípedos, e a falta de rebaixamento em algumas entradas e calçadas, dificultam a locomoção de deficientes. “A cidade não foi planejada para isso. Estamos atrasados, mas nos esforçando para mudar o cenário”, disse Emanuelle. A Prefeitura informou que o elevador ainda não foi consertado pois o projeto de adaptação do Paço incluirá reformas globais para garantir a acessibilidade ao prédio. O mesmo deve ocorrer com os edifícios públicos na Lagoa do Taquaral. fonte: http://correio.rac.com.br/

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