quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Falta de acessibilidade dificulta o emprego de pessoas com deficiência

Por lei, as empresas com mais de cem funcionários devem reservar uma quantidade de vagas para trabalhadores com deficiência, obrigatoriedade que pode estar sendo ignorada. Mesmo quem busca qualificação enfrenta resistência para entrar no mercado de trabalho. E essa resistência pode estar associada à falta de estrutura física das empresas para receber trabalhadores com necessidades especiais.  Adriano Cândido da Silva é aluno do curso de mecânica do Senai. Ele usa as mãos pra explorar o motor e para falar. A surdez não o impede de trabalhar, nem de aprender como os colegas. “Eu conheço pessoas em São Paulo que são deficientes visuais, cegas, mesmo assim trabalham com mecânica e agora temos o Adriano aprendendo com a gente. Se a pessoa tiver vontade, a superação não tem limites”, conta o professor Carlos Alberto de Jesus. Para garantir o aprendizado, Adriano ainda conta com a ajuda de um intérprete. “Eu fico feliz de poder ajudar as pessoas surdas a aprenderem. O Senai foi a primeira escola nesse setor a estar preocupada em colocar o intérprete junto, para auxiliar no aprendizado”, destaca Marcos Dias. Adriano realiza o curso com a ajuda de um intérprete (Foto: reprodução/TV Tem) Adriano realiza o curso com a ajuda de um intérprete (Foto: reprodução/TV Tem) A dedicação do estudante faz a diferença, mas atualmente existem vagas sobrando no mercado para pessoas com necessidades especiais. Consultoria de recursos humanos tem sido cada vez mais procuradas por empresas que pedem processo seletivo para contratação de pessoas com deficiência, principalmente por causa da legislação. “A gente recebe currículos diariamente, hoje nós temos mais de 100 candidatos no nosso banco de cadastro aguardando uma colocação no mercado de trabalho”, explica a consultora de Recursos Humanos Natacha Nishirara. Oportunidade de sobra Vagas de emprego voltadas para pessoas com deficiência também estão à disposição no posto de atendimento ao trabalhador. “Pouco se interessam, não há uma grande procura das pessoas com deficiência também e as empresas precisam cumprir as cotas que estão na lei de 1995”, completa Alexandre Bertoni, diretor regional da Secretaria do Emprego e das Relações do Trabalho (Sert). Diante de tantas oportunidades, o que explica a situação do auxiliar administrativo Fábio Ricci? Ele tem segundo grau completo, qualificação em telemarketing e fez um curso técnico de auxiliar administrativo. Mesmo assim está há mais de um ano procurando emprego. É uma grande dúvida da mãe dele. “Eu não consigo entender o que acontece, se eles não se enquadram no perfil da empresa, se eles não estão adequados para acessibilidade”, afirma Tereza Ricci.  Fábio, que é cadeirante, procura emprego há um ano (Foto: reprodução/TV Tem) Fábio, que é cadeirante, procura emprego há um ano (Foto: reprodução/TV Tem) Acessibilidade Empresas que dizem ter dificuldade para contratar pessoas com deficiência podem estar encobrindo o fato de não terem acessibilidade, como rampas de acesso e banheiros adaptados. “Grande parte das empresas que se enquadra na cota de deficientes ainda não estão adequadas quanto à acessibilidade e acabam esbarrando nisso, há também outros motivos, mas esse é um dos entraves na contratação”, explica José Eduardo Rubo, gerente regional do Ministério do Trabalho. O Ministério do Trabalho fiscaliza e multa as empresas que não estão de acordo com a legislação. “Nós passamos a visitar 20 empresas por mês, em média, desde março só para fiscalizar tanto a cota de deficientes como de aprendizes”, completa. Mas isso não impede que profissionais como o Fábio continuem desempregados. “Eu acho isso uma falta de respeito contra a gente, nós, pessoas com deficiência, que não andamos ou temos outras dificuldade também temos nossos direitos”, completa. fonte g1

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