quarta-feira, 25 de julho de 2012

6 escritores consagrados que não enxergavam direito !

Escrever sem ver não é tão difícil quanto compor música sem escutar (converse mais a esse respeito com Beethoven). É que a arte de contar histórias é bem

mais antiga do que a escrita. Bastava que uma pessoa contasse e outra ouvisse para que os casos passassem de geração a geração. A invenção do Braille
levou a leitura e a escrita para quem não consegue enxergar, mas também é possível contar com uma ajudinha alheia para desfrutar a literatura. Foi assim

que a maioria dos autores dessa lista criaram as obras que os consagraram – em outros casos, a deficiência de visão não foi tão forte a ponto de impedir

que eles mesmos lessem (e escrevessem) seus trabalhos.

Homero

09/homero

O autor grego dos poemas épicos Ilíada e Odisseia é muito controverso. Nem mesmo o século de seu nascimento é muito preciso. O século 8 a.C. é conhecido

como a “data de Homero”, a época em que supostamente os poemas foram escritos. Isso significaria que Homero viveu 4 séculos após a Guerra de Troia, que

ele narra com tantos detalhes na Ilíada. Confuso?

Se não sabemos sequer quando e onde nasceu (ou mesmo SE nasceu – existem teóricos que duvidam de sua existência), como saber se ele era cego? O que temos

são teorias, mas mesmo assim ele não poderia faltar nessa lista. O nome Homero deriva de “homerus”, que significa “refém”, palavra muitas vezes usada como

sinônimo para “cego” em grego. Ainda que existam documentos se referindo ao autor como “bardo cego”, pode ser que seu nome também significasse “aquele

que guia os que não veem”, através da poesia. Esperamos a criação de uma máquina do tempo e/ou o Doctor Who para confirmar o que se diz sobre o escritor.


Luís de Camões

09/camões

Nascido em 1524 em Portugal, Camões, um dos grandes poetas da Língua Portuguesa, perdeu um dos olhos em um campo de batalha na África. Felizmente, isso

não impediu o escritor de escrever “Os Lusíadas”, epopeia nacionalista que conta a história do descobrimento da rota marítma para a Índia por Vasco da

Gama. Publicada em 1572, a obra foi escrita durante algumas viagens do autor pelo Oriente – conta-se, inclusive, que Camões naufragou em uma jornada de

volta a Goa e que os únicos sobreviventes do desastre foram o poeta e o manuscrito de sua obra-prima.

Ainda que não tivesse uma visão perfeita (a percepção da profundidade é mais prejudicada pela falta de um olho), Camões não deixou de viver loucamente:

foi preso várias vezes, lutou em diversas batalhas ao redor do mundo, amou mulheres que o rejeitaram e, no fim, voltou a Portugal – mas não como heroi.

Faleceu em 1580 com pouco dinheiro no bolso e sem o devido reconhecimento por sua obra.

John Milton

09/John-Milton

O poeta, nascido em 1608, ditou o épico “O Paraíso Perdido” da prisão, entre 1658 e 1664 e publicou-o em 1667. O autor foi preso por apoiar Oliver Cromwell

durante o curto período republicano da Inglaterra e teria ficado cego enquanto cumpria sua pena, vítima de glaucoma.

“O Paraíso Perdido” conta a história da criação de Adão e Eva, a queda de Lúcifer e a sua expulsão do paraíso. A obra mistura paganismo, mitologia clássica

e cristianismo no mesmo caldeirão. Em 1771, Milton publicou uma sequência do poema: “O Paraíso Recuperado”, que conta a história de Jesus. O poeta ficou

consagrado por escrever em “versos brancos”, que possuem métrica, mas não rimam.

James Joyce

09/Joyce

Nascido em 1881, o escritor irlandês é considerado um dos autores mais influentes do século XX. Entre seus trabalhos mais famosos estão “Dublinenses”,
“Ulisses”
e “Finnegans Wake”, sendo o último a sua obra mais experimental (e díficil de entender). Informalmente, Joyce também é conhecido como o maior escritor

que todos fingem que já leram.

Joyce sofreu com vários problemas nos olhos e teve que se submeter a diversas cirurgias, sem conseguir jamais recuperar totalmente sua visão. Sylvia Beach,

editora de algumas das obras do escritor, conta em seu livro “Shakespeare and Company” que as provas gráficas de Ulisses eram aumentadas diversas vezes

para que o escritor pudesse revisá-las. Para escrever “Finnegan’s Wake”, Joyce contou com a ajuda de diversos assistentes que escreviam o que ele ditava.

Um deles era o dramaturgo e novelista Samuel Beckett (mais conhecido pela peça “Esperando Godot”, em que nada acontece. Sério.).

Aldous Huxley

09/Huxley

Autor de “Admirável Mundo Novo”, Huxley teve uma doença chamada queratite pontuada que o deixou praticamente cego em 1911, quando tinha 17 anos. A limitação

da visão impediu o inglês de servir o exército durante a Primeira Guerra Mundial.

Alguns acreditam que essa quase completa cegueira que durou quase três anos foi o que salvou o autor dos horrores da guerra e possiblitou que ele se tornasse

um professor na universidade de Oxford. Sua visão foi melhorando com o tempo – em 1940, ele precisava apenas de lentes de aumento para ler. Huxley publicou

seu primeiro livro aos 20 anos e “Admirável Mundo Novo” aos 38, antes de se mudar para os Estados Unidos em 1937.

Jorge Luis Borges

09/Borges

Um dos grandes romancistas e ensaístas argentinos do século XX – talvez o maior deles – sofreu com uma cegueira hereditária progressiva que o deixou completamente

cego em 1955 quando Borges tinha 56 anos. A falta de visão não impediu o autor de “Ficções” e “O Aleph” de continuar produzindo, inclusive ironizando sobre

sua própria limitação.

Teimoso, Borges nunca aprendeu Braille. Assim que sua visão o tornou mais dependente, mudou-se para a casa da mãe, que atuou como sua assistente pessoal

até morrer, aos 99 anos, em 1975. Depois da morte dela, Borges viajou muito pelo mundo na companhia da secretária com a qual casaria em 1986, no Paraguai,

poucos meses antes de morrer de câncer no fígado.

fonte:super interessante

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