sábado, 28 de abril de 2012

dia da sogra O Dia da Sogra – Até que enfim! – Que foi, Elísio? – Dia 28 de abril, dia da sogra!! – Ué? Gostou? – Claro! Nada mais justo! Já tem dia de combate ao câncer, ao fumo, à AIDS... – Acorda, homem! Não é dia contra a sogra! É dia da sogra!! – É homenagem?? – É! – E quem foi o marido de órfã que inventou isso? – Sei lá! – Deve ser jogada de marketing das agências de turismo. Já imagino a promoção: pacote especial de dia das sogras! Mande a sua para o Iraque! – Você mandaria sua sogra pro Iraque, Elísio? – Não... – Ah, bom! – Não tenho grana pras passagens. – Elísio!! – Mas, se tiver um pacote alternativo de night-city-tour pela Rocinha... – Puxa, amor! Ela é minha mãe! – Ô, Zuleica! Não leva para o lado pessoal! Não estou falando da SUA mãe! Estou falando da MINHA sogra! – E não é a mesma coisa? – Não! Há todo um processo histórico na relação genro e sogra. Odiar a sogra é, “tipo assim”, um instinto atávico! – Sei... – Sabe o que é instinto atávico, Zuleica? – Claro que sei. É o que faz os cachorros darem três voltas antes de deitar e a sua mãe meter o bedelho onde não é chamada. – Minha mãe? Quando? – Quer a lista por e-mail? Esvazia a caixa postal primeiro! – Exagero seu, Zuleica! – Exagero? Ela já reclamou que eu não sei cozinhar, que eu não sei cuidar dos meninos... Ela já me chamou de gorda! – Que isso!? Ela só estava preocupada com a sua saúde... – É! E se acabou de elogiar a sua ex... – Era boa mesmo... – Elísio!! – A saúde dela! A saúde!!! – Nessas horas, morro de inveja da minha tia freira... – Por quê? – Ela é da ordem das esposas de Cristo! – Ah, sim! Sua sogra ia ser uma santa... – E o marido, morto! – Credo, Zuleica! – Você mereceu! – Tá bom, tá bom. Mas, uma coisa é certa! Eu não posso falar nada da minha sogra. – Não pode mesmo! Ela nos recebeu de braços abertos aqui na casa dela enquanto o apartamento não fica pronto... – Isso! Ela está sempre ao meu lado! – Hum, amor! Que bonit... – Ouve bem para caramba e atira melhor ainda! – Droga, Elísio! Você não leva nada a sério!! – E agora? Vamos ter que comprar presente? – Acho bom, né? – O que eu compro para a sua? – Ah! Acho que flor tá bom... – Opa! Vou agora mesmo procurar por plantas carnívoras na Internet! – Elísio!! – É! Tem razão... Melhor não! As coitadinhas não iam dar conta de digerir aquele osso... Comigo-ninguém-pode, então? – Compra umas rosas, Elísio! – Tá! Coisa mais sem graça... E o que você vai dar para a minha? – Não sei. Mas aquelas passagens não me saem da cabeça... – Zuleica!! ***** Texto escrito para o 6° Desafio Literário da Câmara dos Deputados - Etapa 3.

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